Salvador Dalí
29 de Novembro de 1939
Salvador Domenec Felip Jacint Dalí Domenech nasceu às 8h45 da manhã de 11 de Maio de 1904, no número 20 do carrer(rua) Monturiolin da vila de Figueres, Catalunha, Espanha.
O pai era o notário Salvador Dalí i Cusí (de remota origem árabe), confortavelmente instalado na classe média, figura popular da cidade e senhor de um carácter irascível e dominador.
A mãe, Felipa Domenech (cuja família de longínquas origens judaicas era oriunda de Barcelona), era uma plácida e carinhosa dona de casa, um pouco dada ao catolicismo.
Dalí, detentor de uma técnica magistral e de uma imaginação prodigiosa alimentada pela leitura cuidada de Freud, procura explorar, na sua obra, as teorias freudianas, representando o inconsciente humano nas suas mais recônditas fantasias e sonhos subliminares.
" E, concluindo, no fim do seu périplo: "O palhaço não sou eu, mas sim esta sociedade monstruosamente cínica e tão ingenuamente inconsciente que joga ao jogo da seriedade para melhor esconder a loucura. Porque eu - nunca o repetirei suficientemente - não sou louco."
Dali produziu mais de 1500 quadros ao longo da sua carreira, e também ilustrações para livros, litografias, desenhos para cenários e trajes de teatro, um grande número de desenhos, dezenas de esculturas e vários outros projectos. Por ordem cronológica passo a apresentar os trabalhos importantes e representativos da sua obra.
primeira obra de Dalí
1910
"Parece que toda a vida imaginativa do homem tem tendência para reconstituir simbolicamente, através de situações e de representações aproiximativas, este estado paradisíaco inicial.
Continua a pintar sobretudo paisagens.
Sem título - Paisagem
1914
Retrato de Hortênsia, Camponesa de Cadaqués
1920
Retrato do Violoncelista Ricardo Pichot
1920
Óleo sobre tela
61,5 x 49 cm
Cadaqués
Colecção Particular
cerca de 1920
O Lago de Vilabertrán
cerca de 1920
Retrato da mãe do Artista
Dona Felipa Dome Domenech de Dalí
1920
Auto-Retrato com Pescoço de Rafael
1920-1921
Óleo sobre tela
41,4 x 53 cm
Figueras
Fundación Gala-Salvador Dalí
Legado Dalí ao Estado Espanhol
Merenda no Campo
1921
1922 Dalí descobre o cubismo, o futurismo, o purismo.
Conhece as obras de outros pintores como Picasso, Juan Gris… São encontrados quadros cubistas no seu atelier.
Representa também o seu delírio culinário nas suas obras. Resultado da sua origem catalã – “Natureza Morta – peixe com Tigela Vermelha”; “Cena de Cabaré”.
Natureza - morta
Peixe com Tigela Vermelha
1922
Composição Cubista
Natureza - Morta com Viola
1922
Cena de cabaré
1922
1923 Dalí continua a constituir os seus tons, sempre com humor imita-se a si próprio e aos outros pintores. “Auto-Retrato Cubista”.
Composição cubista
1923
The First Day of Spring
1922-23
Tinta da china e guache no papel
Gala-Salvador Dali Foundation
Figueras
Spain
Auto retrato cubista
1923
Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia
Madrid
Espanha
1924 Usa a sua irmã Ana Maria como modelo das suas obras – “Retrato de Ana Maria”
Retrato de Anna Maria
1924
Óleo / tela
102 x 76 cm (40,15" x 29,92")
Medidas com marco
Colecção privada
Pierrot and Guitar
1924
Oil and collage on cardboard
55 x 52
Thyssen-Bornemisza Collection
Madrid
Spain
1925 Continua uma série de belos retratos da sua irmã Ana Maria – “Personagem à Janela”. Pinta várias vezes o nu feminino, sobretudo nádegas.
Figure at a Window
1925
Oil on canvas
102 x 75 cm
Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia
Madrid
Spain
Vénus e Cupidos
1925
Óleo sobre madeira
23 x 23,5 cm
Colecção Particular
Venus and Sailor
1926
Oil on canvas
198 x 149 cm
Gala-Salvador Dali Foundation
Figueras
Spain
Woman at the Window at Figueres (Ana Maria costurando)
1926
Oil on canvas
21 x 21.5 cm
Gala-Salvador Dali Foundation
Figueras
Spain
Rpariga de Ampurdán
1926
Óleo sobre contraplacado
51 x 40 cm
S. Pertesburgo (FL)
The Salvador Dalí Museum
Anteriormente Colecção E. e A. Reynolds Morse
Mulheres Deitadas na Praia
1926
Óelo sobre tela
Dimensões Desconhecidas
Colecção Particular
1927 Neo-Cubismo – “Figura Cubista”. Já é visível nas suas obras um forte relento de surrealismo.
Aparelho e Mão
1927
Óleo sobre madeira
62,2 x 47,6
S.Petersburgo(FL)
The Salvador Dalí Museum
anteriormente Colecção E. e A. Reynolds Morse
Figura Cubista
1927
oil on canvas
152 x 90 cm
Fundacion Gala-Salvador Dali
Figueras
1929 Ano em que todos concordam em reconhecer Dali como surrealista. – “O Enigma do Desejo”.
“O Grande Masturbador” .
Esta obra é testemunha do primeiro encontro com Gala e do estado em que Dali ficou, entre o “mole” e o “duro”.
Até aí Dali só tinha conhecido uma quente amizade por Federico García Lorca, e afirmou que “quando García Lorca me queria possuir, recusava-me horrorizado”.
Foi com Gala que Dali conheceu o êxtase. Embora afirmasse várias vezes ser “to-tal-men-te im-po-ten-te” surgia em alguma quadros na sua melhor forma.
O Enigma do desejo - Minha mãe, Minha mãe, Minha mãe
1929
Óleo sobre tela
110 x 150,7 cm
Munique, Staatsgalerie moderner Kunst
anteriormente Colecção Oskar R. Schlag
O Grande Masturbador
1929
Óleo sobre tela
110 x 150 cm
Madrid
Museo Nacional Reina Sofía
Legado Dalí ao Estado Espanhol
Retrato de Paul Eluard
1929
Óleo sobre cartão
33 x 25 cm
Antiga colecção Gala e Salvador Dalí
1931 “A Persistência da Memória” (a sua obra mais famosa), obras com o título; “Guilherme Tell”; “A Velhice de Guilherme Tell”.
Persistência da Memória
1931
Óleo sobre tela
24 x 33 cm
Nova Iorque
The Museum Of Modern Art
Oferta Anónima, 1934
O Enigma de Guilherme Tell
1933
Óleo sobre tela
201,5 x 346 cm
Estocolmo
Moderna Museet
A Velhice de Guilherme Tell
1931
Óleo sobre tela
98 x 140 cm
Colecção Particular
anteriormente Colecção Visconde de Noailles
1932 “O Nascimento dos Desejos Líquidos”, “Pão Antropomórfico”; “Ovos Estrelados sem o Prato”.
Pão Antropomórfico - Pão Catalão
1932
Óleo sobre tela
24 x 33 cm
S. Petersburgo (FL)
The Salvador Dalí Museum
anteriormente Colecção E. e A. Reynolds Morse
The Birth of Liquid Desires
1932
Oil and collage on canvas
96.1 x 112.3 cm
Peggy Guggenheim Collection
Venice
Italy
Surrealist Architecture
1932
Kunstmuseum
Berne
Switzerland
Fried Egg on the Plate without the Plate
1932
Oil on canvas
55 x 46 cm
Private collection
1933 “Gala Com Duas Costeletas de Carneiro em Equilíbrio Sobre o Seu Ombro”;
“Atavismo do Crepúsculo”.
Portrait of Gala with Two Lamb Chops Balanced on Her Shoulder
1933
Oil on wood panel
6.8 x 8.8 cm
Gala-Salvador Dali Foundation
Figueras
Spain
Atavismo Crepúsculo (Fenómeno obsessivo)
1933
Óleo sobre madeira
14 x 18 cm
Berna
Kunstmuseum Bern
Busto de Mulher Retrospectivo
Pão e tinteiro, porcelana, espiga de milho e tira
zootrópica sobre cartão (reconstrução de 1970)
54 x 45 x 35 cm
Bélgica
Colecção Particular
1934 Primeiras divergências com surrealistas e André Breton. “O Espectro do Sex-Appeal”; “Sonhos na Praia”
Os Espectros do Sex - Appeal
1934
Óleo sobre madeira
18 x 14 cm
Figueras
Fundación Gala - Salvador Dalí
Dreams on a Beach
1934
Oil on wood
9 x 7 cm
Private collection
1936 “Canibalismo de Outono”; “Construção Mole com Feijões Cozidos” (Premonição da Guerra Civil).
Construção Mole com Feijões Cozidos - Premunição da Guerra Civil
1936
Óleo sobre tela
100 x 99 cm
Filadélfia
The Philadelphia Museum Of Art
The Louise and Walter Arensberg Collection
anteriormente Colecção Peter Watson
1937 “Metamorfose de Narciso”; “Girafa em Chamas”; “O Sono”.
Metamorfose de Narciso
1937
Óleo sobre tela
50,8 x 78,3 cm
Londres
The Tate Gallery
Anteriormente Colecção Edward James
O Sono
1937
Óleo sobre tela
51 x 78 cm
Roterdão
Museum Boymans - van Beuningen
anteriormente Colecção Edward James
Girafa em Chamas
1937
Bronze com pátina branca e botões de arminho
98 x 32,5 x 34 cm
Roterdão
Museum Boymans - van Beuningen
1940 A Face da Guerra “Rosto da Guerra”.
Rosto da Guerra
1940
Óleo sobre tela
64 x 79 cm
Roterdão
Museum Boymans - van Beuningen
anteriormente Colecção André Cauvin
1942 Publicação nos Estados Unidos da A Vida Secreta de Dali.
1943 “Criança Geopolítica Observando o Nascimento do Homem Novo” .
Criança Geopolítica Obsrvando o Nacimento do Homem Novo
1943
Óleo sobre tela
45,5 x 50 cm
S. Petersburgo (FL)
The Salvator Dalí Museum
emprestado por Morse charitable Trust
1944 “Tristão e Isolda”; “Sonho Causado Pelo Voo de uma Abelha ao Redor de Uma Romã, Um Segundo Antes do Despertar” .
Dream Caused by the Flight of a Bee around a Pomegranate One Second before Awakening
1944
Oil on canvas
51 x 41 cm
Thyssen-Bornemisza Collection
Madrid
Spain
Tristan and Isolde
1944
Oil on canvas
Private collection
1945 “A Cesta do Pão”;
Cesta de Pão - Antes a Morte que a Mácula
1945
Óleo sobre madeira
33 x 38 cm
Figueras
Fundación Gala - Salvador Dalí
A minha mulher nua, contemplando o seu próprio corpo a transformar-se em degraus, três vértebras de uma coluna, céu e arquitectura
1946 “A Tentação de Santo António” .
A Tentação de Santo António
1946
Óleo sobre tela
89,7 x 119,5 cm
Bruxelas
Musées Royaux de Beaux - Arts de Belgique
1949 "Leda Atómica"
Leda Atómica
1949
Óleo sobre Tela
61,1 x 45,3 cm
Figueras
Fundación Gala - Salvador Dalí
1951 “Cristo de São João da Cruz”.
Cristo de S. João da Cruz
1951
Óleo sobre tela
205 x 116 cm
Glasgow
The Glasgow Art Gallery
1954 “Crucificação”
Crucifixion or Corpus Hypercubicus
Young Virgin Auto-Sodomized by the Horns of Her Own Chastity
1956 “Natureza-Morta Viva”
Still Life - Fast Moving
1970 “Toureiro Alucinógeno”.
Hallucinogenic Toreador
1969-70
Oil on canvas
400 x 300 cm
Salvador Dali Museum
St. Petersburg
FL
USA
1982 Morte de Gala.
1983 Criação do perfuma Dali. Este concluiu o seu último quadro – “A Cauda de Andorinha”.
The Swallow's Tail (Series on Catastrophes)
1983
Oil on canvas
73 x 92.2 cm
Gala-Salvador Dali Foundation
Figueras
Spain
Após ter feito um bacharelato, foi para Madrid e aí os seus professores desiludiram-no por não lhe ensinarem o classicismo que Dali procurava. Dali explorou todas as correntes da moda, desde o impressionismo, pontilhismo, futurismo, cubismo, neocubismo e fauvismo.
Admira Picasso e Matisse e não esconde as suas influências.
Vai-se fazendo notar o fascínio de Dali por costas femininas e nádegas.
Em 1927 Dali vai para Paris onde conhece Picasso pessoalmente.
Nessa altura junta-se a Luís Buñel em Um Cão Andaluz e é fiel ao acordo que faz com este de não aceitar nenhuma ideia ou imagem que possa dar lugar a uma explicação racional, psicológica ou cultural. Assim abre a porta ao irracional. Já por si, despe-se deste acordo e abre agora as portas do grupo surrealista.
Dali experimenta a necessidade de traduzir agora o seu violento desejo de criação de objectos carregados de símbolos sexuais contemporâneos. Cada vez mais é evidente um amadurecimento nas suas obras.
Dá-se o conhecimento da sua existência quando o marchand Camille Goemans lhe anuncia que exporá todos os seus quadros na sua galeria em Paris onde o primeiro quadro que vendeu fora “O Enigma do Desejo”. Aí vê Gala e ficara enamorado por esta ser parecida com a mulher que idealizara.
Os temas tipicamente dalinianos são o gafanhoto, o leão, os seixos, o caracol, os lábios-vulva, entre outros.
É o seu amor freudiano por Gala – com quem se casa – que vai dominar toda a sua obra.
Apesar de não ter convivido com os surrealistas, Dali torna-se, com um quarto de século de avanço, o santo patrono dos hiper-realistas americanos.
Dali continua fiel às suas ideias, para si um piano não é um piano, mas sim uma fêmea. Representa bastante sexo e sexualidade após de com Gala ter conhecido o êxtase.
Cada vez mais o confronto entre o “mole” e o “duro” está presente nas suas obras.
Desencadeia a fúria dos surrealistas assim como a cólera de Breton quando desenha os rostos de Guilherme Tell e Lénine.
Gala defende e segue Dali para toda a parte.
Dali cria e inventa, os seus objectos surrealistas dão a volta ao mundo.
Em várias obras suas são visíveis gavetas, estas fora buscar a Freud; serviu-se delas para representar em imagens as teorias de psicanálise deste.
Dali começa a considerar-se o único representante autêntico do surrealismo.
Dali ensaia jogos ópticos, inverte imagens e, ao contrário do que se podia imaginar, os pensamentos de Dali são sérios. Pretende ir às entranhas escondidas e profanar o mais maravilhoso que aí se encontrar.
Vários ficaram chocados, incluindo Breton, quando viram os elementos escatológicos que maculavam a sua obra. Todos puseram Dali de lado, excluindo-o. Havia muitas coisas que para a sociedade ainda eram tabu, toleravam-lhe apenas em certa medida. Dali disse que já que ninguém queria as suas obras, iria guardar os seus “tesouros”, esse “ouro” só para si.
As obras de Dali eram surpreendentes, escandalosas e comprometedoras para os surrealistas; pretendia criticar o que não “gostava” e dizia que a política não lhe interessava, que a achava anedótica, miserável e até ameaçadora.
Apesar de bastante criticado não deixa de participar em todas as exposições, pois era necessário alguém com o carácter de Dali.
Nem aos 50 anos este deixou de ser um grande pintor, havia sempre uma força de invenção surpreendente, sentido de drama e de humor.
A sua ambição era “materializar com a fúria mais imperialista de precisão as imagens da irracionalidade concreta”.
Dali explica o motivo de relógios moles: os americanos estão sempre a olhar para o relógio. Estão apressados, terrivelmente apressados e os seus relógios são tremendamente rígidos, duros e mecânicos. Quando Dali pintou o seu primeiro relógio mole foi um êxito. Esta também é a história da personalidade de Dali: “Gala, em vez de me endurecer tal como a vida na verdade tinha planeado, construiu-me uma concha de bernardo-eremita, de modo que nas minhas relações exteriores passava por ser uma fortaleza, enquanto no interior continuava a envelhecer dentro do mole, do supermole.”
Dali resume assim o seu trabalho: “O Céu, é o que a minha alma apaixonada pelo absoluto procurou ao longo da vida que pôde parecer a alguns confusa e, resumindo, perfumada com o enxofre do demónio. O Céu! Infeliz daquele que não compreender isso (…) O Céu não está nem em cima, nem em baixo, nem à direita, nem à esquerda, o Céu está exactamente no centro do peito do homem que tem Fé. P.S. Neste momento ainda não tenho Fé e temo morrer sem Céu.”
Foi após “A Tentação de Santo António” em 1946 que se qualifica daí em diante como “ex-surrealista”. Contudo isto não impede que Dali volte a ser um pouco profano, aprofundando o seu misticismo pelo delírio erótico.
Dali refere: “Não sou loco. A minha própria lucidez atingiu mesmo um tal nível de qualidade e de concentração que não existe uma personagem mais heróica e mais prodigiosa neste século e, excluindo Nietzsche (e mesmo ele, morreu louco), não encontramos equivalente noutros. A minha pintura assim o testemunha.”
Oi Kity,
Gostaria de saber onde conseguiu a foto da primeira obra de Dalí: Paisagem (1910).
EStou fazendo uma monografia sobre ele e precisava muito dessa informação, já que só a encontrei em seu blog.
Atenciosamente
Juliana
jumaurell@hotmail.com
Posted by Anónimo | 3:08 da tarde
Excelente postagem sobre Dalí...
Posted by Apanhador de sonhos | 4:37 da manhã